16 de junho de 2008

Dia de chuva


Está chovendo. Olho através da janela os pingos caindo sem parar. Tuc, tuc, tuc... caem apressados do telhado. Olho as colinas ao longe envoltas em névoa de chuva, enormes silhuetas verdes no horizonte. O barulho da chuva e as colinas ao longe me transportam para outro lugar, em outro tempo. Na frente da casa havia uma varanda e um jardim. Na varanda, plantas com florezinhas amarelas que pendiam do teto eram uma cortina viva e perfumada. No canteiro esquerdo do jardim, rosas vermelhas. No canteiro direito, entre outras havia dalias, margaridas, alamandas e até um pé de pitanga. Havia seis degraus entre a varanda e o jardim, nos quais eu me sentava como se fossem o meu trono de rainha daquele mundo. A porta que dava para a varanda possuía uma janelinha de vidro verde, que podia ser aberta. Nos dias de chuva eu arrastava uma cadeira lá da cozinha até a porta, para alcançar minha janela mágica. O barulho da água, o cheiro de terra molhada misturado com perfume dos eucaliptos quase que me embriagava. Eu estendia o olhar para o horizonte e lá ao longe, eu via a silhueta enorme e verde do eucaliptal. Até onde meu olhar alcançava, era um mar de eucaliptos. Às vezes, passava na rua alguém com um guarda-chuva, preto se fosse homem e azul ou vermelho se fosse mulher. Eu pensava com meus botões que um dia eu iria caminhar sob a chuva com um lindo guarda-chuva vermelho, que daria cor ao dia cinzento. O guarda-chuva vermelho nunca se tornou realidade para mim e hoje mais do que nunca é o símbolo dos meu sonhos de infância, eternizados na minha memória. 

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