21 de abril de 2007

Meu Mundo...

Meu mundo nunca foi redondo... Eu sempre tive muitas esquinas a dobrar, pela natureza da minha personalidade. Talvez seja essa característica que faz com que eu perca a objetividade quando o assunto é sentimento. Lembro de um desenho do pato Donald chamado Donald no País da Matemágica em que Donald faz uma faxina na sua mente. Arquivos misturados, teias de aranha, falta de critérios para armazenamento de dados. Então para entender a matemática, ele reorganiza todos os arquivos. Talvez eu deva fazer uma faxina também. Tomas diz que eu sou muito boa para jogar coisas no lixo e para deletar tudo. É claro que ele está cem porcento correto. Eu não tenho o menor apêgo a coisas materiais. Ja tive. Eu costumava guardar tudo como lembrança. Eu achava que um dia eu iria olhar para aquelas coisas todas e recordar tudo. Mas isso nunca aconteceu. Eu nunca tive "tempo" para olhar para aqueles objetos e voltar no tempo da minha memória. O que aconteceu foi que ajuntei uma quantidade significativa de quinquilharias e bugigangas que estavam ocupando o espaço que poderia ser ocupado por outras tantas. Será que sem aquelas coisas todas eu não poderia mais recordar os bons momentos? Talvez. Mas as "bugigangas" poderiam ser meu índice de lembranças. Ao tomar nas mãos aquela pequena pedra apanhada na orla de uma praia do Mar Báltico, eu teria um flashback instantâneo daquele dia. Era inverno e quase um metro de neve cobria tudo. Época mais estranha para se viajar de carro através da Suécia... Mas foi a minha primeira viagem a esta terra e minha estadia foi de apenas quinze dias. O jeito foi aproveitar da melhor forma possível. Achar uma pedra sob um metro de neve não foi fácil, mas o mérito foi de Tomas que vasculhou aquela orla congelada em busca da minha pedra da memória. Lembro de como deixei minhas pegadas na neve como se fossem as primeiras pegadas do homem na Lua. Não tenho mais essa pedra que se perdeu lá no Brasil mesmo, no meio da correria para arrumar malas e decidir o que viria junto comigo para essa nova vida. E pelo que eu pude constatar agora mesmo a pedra é mportante, mas não do ponto de vista material, mas apenas como uma referência. Eu pude voltar no tempo sem ela...

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