27 de novembro de 2006

S I G N I F I C A D O S




Solidão é uma ilha com saudade de barco.

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.

Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco.

Pouco é menos da metade.

Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.

Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Agonia é quando o maestro de você se perde completamente.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Renúncia é um não que não queria ser ele.

Sucesso é quando você faz o que sempre fez, só que todo mundo percebe.

Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente.

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

Orgulho é uma guarita entre você e o da frente.

Ansiedade é quando sempre faltam 5 minutos para o que quer que seja.

Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada em especial.

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é Fevereiro..

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.

Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente,não podia.

Perdão é quando o Natal acontece em outra época do ano.

Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.

Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa.

Desatino é um desataque de prudência.

Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o comando.

Emoção é um tango que ainda não foi feito.

Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Desejo é uma boca com sede.

Paixão é quando apesar da palavra "perigo " o desejo chega e entra...

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.

Não.

Amor é um exagero... também não.

É um "desaforo"... Uma batelada?

Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade,

um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade,

um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não haja explicação,

esse negócio de amor não sei explicar.

18 de novembro de 2006

The Hidden

I can see you at down
with a mystery on your face.
I can see you walking in the darkness
with obscure desires.
I can see you in search of a prey,
treading on an unstedy ground.
I can see your insatiable soul
blazing of hunger.

2 de novembro de 2006

Contando um conto...


Gato Preto Sobre a Neve 

 Cristina Mockaitis

Estavam voltando da casa da mãe dele. A despeito da neve e do frio, o carro estava quentinho e acolhedor. Eles conversavam. Trivilidades. Ela respondia em inglês a tudo que ele falava no idioma dele enquanto pensava em português a respeito de outra coisa. Decorridos quase dois anos vivendo na pequena cidade do interior daquele outro país, a paisagem era agora familiar.
A brancura dos telhados, árvores e ruas lhe dava uma sensação de monotonia apesar da beleza. O carro deslizava macio nas ruas cobertas de neve e se aproximavam do seu lago preferido, agora coberto de gelo. Tão bonito e tão gelado, como o coração dele. Como podia ele ser tão parecido com o lago? pensava ela. Estranho compará-lo ao lago... ambos exerciam atração sobre ela. Ambos eram convidativos e silenciosos. O lago guarda seus segredos na profundeza assim como ele, pensou ela.
Olhava distraidamente para o lago quando avistou o enorme gato preto caminhando vagarosamente sobre a neve. Que contraste... uma magnífica mancha negra, cheia de vida e gingando o corpo, caminhando como se fosse natural. Mas era natural, pensou... gatos e cães caminham sobre a neve todos os dias. E aquela cena aparentemente banal repentinamente ressoou em sua mente como uma provocação para suas divagações pessoais. Tudo veio à sua mente tão rápido que nem pôde ser pensado com palavras, apenas sensações. Toda sua vida ali era como um gato preto caminhando sobre a neve. Tão explícito... o preto e o branco. Tão opostos , tão complementares e tão óbvios. Sua vida era assim, um imenso e óbvio contraste entre a branca frieza do coração dele e seus negros e cálidos sentimentos. Que segredos mais guardava ele sob a capa de gelo, além daqueles que ela já tinha vislumbrado? Ele continuava a falar. Ela já não escutava mais, estava mergulhada na sua própria profundeza. Ela era tão óbvia, transparente, sincera e ele se aproveitava disso. Ser óbvia e transparente era sua fraqueza enquanto manter tudo sob a superfície era a força dele.
_ Alô!
_ O que há com você? Você nunca presta atenção ao que eu digo.
Ele parecia aborrecido e ela voltou à tona de seus pensamentos.
_ Desculpe, estava vendo como é lindo um gato preto caminhando sobre a neve.
Ele continuou a falar e ela voltou a mergulhar na imagem do gato.
O carro parou. Entraram em casa, mas os pensamentos dela ainda estavam cem metros atrás.
Como poderia um gato preto deixar de ser tão óbvio quando caminha sobre a neve? Como poderia ela se ocultar dele? Ele iria sorver tudo sem dar nada em troca.

1 de novembro de 2006


Eu sabia que poderia acontecer... mas quando li o email fiquei chocada. Há muito tempo eu não sentia essa terrível sensação. E digo terrível porque estando tão longe do meu país há tempos, eu vinha sentindo uma saudade sufocante. Hoje quando soube que o meu povo elegeu aquele notório corrupto para espoliar o país por mais quatro anos, eu senti vergonha de ser brasileira, senti vergonha do povo brasileiro. Eu sempre busquei os aspectos mais positivos do meu país e da minha gente pra mostrar para os suecos e para os estrangeiros de dezenas de diferentes países que vivem aqui e que frequentam a escola para estrangeiros comigo. Mas agora o que tenho para mostrar? talvez o mesmo que a mídia daqui mostra sobre o Brasil. Um país que só pensa em carnaval e futebol, à mercê do crime organizado, com uma educação básica deficiente. Pobres brasileiros! Somos muito pobres mesmo. Pobres em honestidade, educação, bom senso, patriotismo (e é o meu amor pelo Brasil que me leva a me sentir envergonhada pelo que o meu próprio povo está fazendo com ele).
Se Lula ganhou a eleição é porque teve os votos da maioria do povo brasileiro. Então não é incorreto dizer que a maioria do povo brasileiro é muito burra mesmo. Só um burro pode votar em outro.
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